Jessé Silveira Fogaça –
Missionário da ALEM
A República
Democrática de Timor-Leste é uma pequena meia-ilha localizada no Sudeste
Asiático. Constituem ainda este território a ilha de Atauro, o enclave de
Oecusse e o ilhéu de Jacó. Fazendo fronteira terrestre com a Indonésia e
marítima com a Austrália, é uma nova nação que recentemente conquistou sua
independência.
O trabalho missionário
no Timor-Leste é uma frente muito recente e pouco estruturada. Registra-se uma
presença significativa de organizações missionárias, contudo, a maioria ainda
em período de adaptação e instalação dos seus projetos. Trata-se, portanto, de
um campo carente do estabelecimento de sólidos projetos missionários.
Timor-Leste apresenta
alguns desafios para a expansão da obra missionária que devem ser observados.
Recentemente, algumas manifestações foram realizadas, principalmente na parte
leste do país, expressando o desejo da retirada dos missionários daquele
território. Eventos como este juntamente com pequenos incidentes de perseguição
e oposição à comunicação do Evangelho tem gradativamente se fortalecido. Estes
episódios devem servir de alerta para o planejamento das atuais e futuras
estratégias missionárias a serem ali desenvolvidas.
Dentre os diversos
obstáculos
apresentados por este país, o desafio linguístico e a necessidade de pessoas
para trabalhar especificamente com a tradução se destacam. Projetos focados no
desen-volvimento comuni-tário, assistência à saúde e educação tem sido
positi-vamente aceitos e bem sucedidos nos seus desenvolvi-mentos, sendo
inclusive uma estra-tégia fundamental para a inclusão e aceitação de
missionários no país.
No entanto, um elevado
número de missionários brasileiros que para lá embarcaram se equivocaram com a
realidade linguística que têm enfrentado. Isso acontece porque, com a
independência de Timor-Leste, o governo de Timor adotou como línguas oficiais o
Português e o Tétum. O Tétum é hoje a língua que ostenta maior expressão no
país. É majoritariamente falado como primeira língua, com variações dialetais
em algumas regiões do país.
Timor-Leste foi
historicamente colonizada por Portugal. No período de colônia, o Português era
a língua nacional e oficial, ensinada nas escolas e administrativamente
utilizada. Entretanto, esta realidade nunca anulou a existência e vivacidade
das múltiplas línguas locais existentes. É muito provável que hoje coexistam,
em território leste timorense, no mínimo 18 línguas.
No período de ocupação
indonésia, o Bahasa Indonésio foi a língua utilizada para sufocar as diversas
línguas locais, o Tétum e o Português. Estatísticas atuais apontam que as
crianças em fase pré-escolar falam Tétum - com abundante uso de palavras do
português -, os adolescentes e adultos - nascidos até final dos anos 80 -
utilizam o Bahasa Indonésio, e a geração anterior a 1975, que hoje está com
cerca de 40 anos, faz uso do português.
2 Dentro deste emaranhado linguístico,
existem ainda as diversas línguas locais, que são as verdadeiras línguas
maternas deste povo, em seus respectivos territórios geográficos. Isso
significa que, em território timorense, dificilmente você se comunicará por
meio do português. Uma porcentagem mínima de timorenses faz uso desta língua.
Consequente-mente, qualquer trabalho missionário se torna inviável quando
realizado em português.
Atualmente, o único
projeto de tradução em andamento no Timor-Leste é na língua Tétum. Este
trabalho está sendo realizado pelo Pr. Carlos
Marçal, cidadão
leste-timorense, que durante o ano de 2011 está cursando o CLM/ALEM.
Existem ainda outras
14 línguas necessitando que se inicie um projeto de tradução. São línguas que,
em sua maioria, carecem primeiro de uma análise linguística para, então, se
iniciar os trabalhos de tradução. Duas destas línguas começaram a ser
analisadas por missionários da ALEM. As outras doze, referentes a
aproximadamente um milhão de pessoas, ainda estão aguardando a chegada de novos
missionários, linguistas e tradutores da Bíblia.
Rogai, pois, ao Senhor
da seara!
ALEM em notícias – julho 2011
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