“Reformador e Tradutor da primeira Bíblia
para o inglês.” Nascido na cidade de Yorkshire, Inglaterra, em 1329.
Atendeu à Universidade de Oxford e terminou o doutorado de Teologia em 1372.
Também foi um dos mestres da Universidade de Balliol. Por ser o mais eminente
teólogo de seus dias, teve a oportunidade de ser o capelão do rei Ricardo II
com acesso ao Parlamento, e de traduzir a Bíblia, junto com seus associados, do
Latim para o Inglês.
Inequivocamente,
muitas pessoas acham que a volta à Bíblia começou com Calvino e Lutero, os
líderes da Reforma. Ao contrário, antes da Reforma houve tentativas de fazer
parar o declínio do prestígio e do poder do papa através de reformas de várias
espécies.
Os problemas
representados por um papado corrupto e extravagante que morava na França e não
em Roma, e pelo cisma que se seguiu à tentativa de levar de volta o papa para
Roma, fomentaram o ímpeto que levou os reformadores, os concílios reformadores
do século XIV e os humanistas bíblicos, a procurarem formas de produzir um
reavivamento espiritual dentro da Igreja Católica Romana.
Ao povo inglês
desagradava enviar dinheiro para um papa em Avignon, que estava sob influência
do inimigo da Inglaterra, o rei francês. Este sentimento nacionalista natural
aumentou o ressentimento real e da classe média, por causa do dinheiro desviado
do tesouro inglês e da administração do estado inglês através dos impostos
papais. Naquela época, a Igreja Romana além de ser riquíssima, possuia um terço
de toda a terra da Inglaterra e era isenta de todos os impostos. Os sete papas
que regeram desde Avignon tinham a reputação de lobos ao invés de pastores de
ovelhas, por causa de sua conduta, suas políticas e ganâncias pelo dinheiro e
poder. Foi em meio a este clima de reação nacionalista contra o eclesiasticismo
que Wycliff entrou em cena desafiando o papa.
Até 1378,
Wycliff queria reformar a Igreja Romana através da eliminação dos clérigos
imorais e pelo despojamento de sua propriedade que, segundo ele, era a fonte da
corrupção. Em uma obra de 1376 intitulada
“Of Civil Dominion” (Sobre o Senhorio Civil), Wycliff exigia uma base
moral para a liderança eclesiástica. Deus concedia aos líderes o uso e a posse
dos bens, mas não a propriedade, como um depósito a ser usado para a sua
glória. A falha da parte dos eclesiásticos em cumprir suas próprias funções era
uma razão suficiente para a autoridade civil tomar os seus bens.
Vivendo na
época da “Guerra dos Cem Anos”
entre a Inglaterra e França, Wycliff começou sua reforma atacando a autoridade
papal em 1378, e a se opor aos dogmas da Igreja Romana, afirmando que Cristo e
a Bíblia eram a autoridade única para o crente . Por causa disso, ele tornou a
Bíblia acessível ao povo comum em sua própria língua. Em 1380, terminou a
tradução completa do Novo Testamento, e em 1382, seu cooperador Nicholas de
Hereford, terminou o Velho Testamento.
O papa Gregório XI o condenou, mas Wycliff foi protegido por várias famílias nobres do reinado, especialmente pelo Duque de Lancaster, John of Gaunt, filho de Eduardo III. Também na mesma época, refutou a doutrina católica da transubstanciação, evidenciando que o padre não podia reter a salvação das pessoas por ter em suas mãos o “corpo e o sangue de Cristo” na comunhão. Ele condenou o dogma do purgatório, uso de relíquias, romarias, venda de indulgências e o ensino da infalibilidade papal. Todos os seus ensinos foram condenados em Londres, em 1382, e foi obrigado a se retirar para seu pastorado em Lutterworth.
A partir de
1381 até sua morte, Wycliff dedicou-se ao estudo das Escrituras e a escrever
algumas obras muito importantes que defendiam a veracidade da Palavra de Deus,
além da tradução da Bíblia. As obras mais proeminentes foram:
A Verdade das Sagradas Escrituras: escrita em 1378, na qual ele retrata a Bíblia como regra de fé e prática, pela qual a Igreja, as tradições, os concílios e inclusive o papa deveriam ser provados. Ele também escreveu que as Escrituras contêm tudo necessário para que o homem seja salvo, sem necessidade de tradições adicionais. Wycliff defendia que as Escrituras deveriam ser lidas por todos os homens e não somente pelo clérigo.
O Poder do Papa:
escrita em 1379, na qual ele descreve o papado como um ofício instituído pelo
homem e não por Deus. Ele explica que o poder do papa não se extende ao governo
secular, e que sua autoridade não é derivada do seu ofício, mas sim de seu
caráter moral e cristão. Ele dizia que o papa que não seguia a Jesus Cristo,
era o Anticristo.
Apostasia:
escrita em 1379, na qual ele condena a doutrina romana da transubstanciação.
Eucaristia:
escrita em 1380, uma extensão da obra anterior, onde ele denuncia esta heresia
em vários aspectos como: inovação recente, filosoficamente incoerente e
contrária à Bíblia Sagrada. Ele condena a Tomás de Aquino e seu ensinamento que
diz que o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo. Em seu
livro, Wycliff descreve que o pão e o vinho mantém a sua forma, sendo um
sacramento em memória do corpo e do sangue de Cristo.
O Resultado do Trabalho de Wycliff
O movimento
reformador significou também um protesto e uma reação contra os tempos
atribulados e contra uma igreja decadente e corrompida. Revoltas sociais e
políticas eram comuns no século XIV. A Peste Negra em 1348 e 1349 dizimou pela
morte cerca de um terço da população da Europa. A Revolta dos Camponeses em
1381, na Inglaterra, era uma evidência da insastifação social associada com as idéias
de Wycliff.
Para se
certificar que o povo inglês não permaneceria nas trevas dos dogmas católicos,
Wycliff fundou um grupo de pregadores leigos chamados Lolardos, os quais
pregaram os seus ensinamentos por toda a Inglaterra, até que a Igreja Romana em
1401, por força da declaração “De
Haeretico Comburendo” pelo Parlamento, introduziu a pena de morte como
castigo para os tais pregadores. Entretanto, estes jamais foram aniquilados. Os
Lolardos ajudaram a preparar o caminho, ainda que ocultamente, para a grande
Reforma na Inglaterra. Os boêmios que estudavam na Universidade de Oxford, ao
regressar à sua terra, trouxeram os ensinos de Wycliff, os quais influenciaram
a vida de John Huss e a Reforma da Boêmia.
As habilidades
de Wycliff influenciaram na preparação do caminho para a reforma na Inglaterra.
Em 1384, ele morre de derrame. John Huss, influenciado pelos ensinos de
Wycliff, foi tido como herege e queimado na estaca em 1415 pelo Concílio de
Constança. Como não seria diferente, Wycliff depois de morto, também foi
condenado como herege pelo mesmo Concílio, e 45 de seus ensinamentos foram
tidos como heresias. Por causa disso, a Igreja Romana deu ordem para cavar sua
sepultura, queimar os seus ossos, e lançar suas cinzas no rio Swift em 1428.
John Wycliff foi o principal expoente de medidas reformadoras, e por isso é
chamado de “Estrela d'Alva da
Reforma”.
Fonte: www.sepoangol.org
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