Na luta do cristão
contra o diabo, o principal campo de batalha é a nossa mente e a grande arma do inimigo é a tentação. O discípulo precisa
vencer o inimigo superando as tentações. Não estamos sós, contudo. Jesus
tornou-se um homem, foi tentado como somos, obteve a vitória, assim mostrando
como nós podemos triunfar sobre Satanás (note Hebreus 2:17-18; 4:15). É essencial,
portanto, que analisemos cuidadosamente de que forma Jesus venceu.
Embora
Jesus tenha sido tentado várias vezes, ele enfrentou um teste especialmente
severo logo depois que foi batizado. Lucas recorda este evento (Lucas 4:1-13),
mas seguiremos a história conforme Mateus a conta: "A seguir, foi Jesus
levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de
jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome" (Mateus 4:1-2). O
fato de que foi o Espírito que levou Jesus para o deserto, mostra que Deus
pretendia que Jesus fosse totalmente humano e sofresse tentação. Note estas
três tentativas de Satanás para seduzir Jesus.
Primeira Tentação
·
A
afirmação do diabo:
"Se és o Filho de Deus, manda que
estas pedras se transformem em pães" (4:3). O diabo é um mestre das
coisas aparentemente lógicas. Jesus estava faminto; ele tinha poder para
transformar as pedras em pão. O diabo simplesmente sugeriu que ele tirasse
vantagem de seu privilégio especial para prover sua necessidade imediata.
- As questões:
Era
verdade que Jesus necessitava de alimento para sobreviver. Mas a questão era
como ele o obteria. Lembre-se de que foi Deus quem o conduziu a um deserto sem
alimento. O diabo aconselhou Jesus a agir independentemente e encontrar seus
próprios meios para suprir sua necessidade. Confiará ele em Deus ou se
alimentará a seu próprio modo? Há aqui, também, uma questão mais básica:
Como Jesus usará suas aptidões? O grande poder que Jesus tinha seria usado como
uma lâmpada de Aladim, para gratificar seus desejos pessoais? A tentação era
ressaltar demais os privilégios de sua divindade e minimizar as
responsabilidades de sua humanidade. E isto era crucial, porque o plano de Deus
era que Jesus enfrentasse a tentação na área de sua humanidade, usando somente
os recursos que todos nós temos a nossa disposição.
- A resposta de Jesus:
"Está escrito: Não só de pão viverá o
homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (4:4). Em cada
teste, Jesus se voltava para as Escrituras, usando um meio que nós também
podemos empregar para superar a tentação. A passagem que ele citou foi a mais adequada
naquela situação. No contexto, os israelitas tinham aprendido durante seus 40
anos no deserto que eles deveriam esperar e confiar no Senhor para conseguir
alimento, e não tentar conceber seus próprios esquemas para se sustentarem.
- Lições:
1. O diabo ataca as
nossas fraquezas. Ele não se acanha em provar nossas áreas mais
vulneráveis. Depois de jejuar 40 dias, Jesus estava faminto. Daí, a tentação de
fazer alimento de uma maneira não autorizada. Satanás escolhe justamente aquela
tentação à qual somos mais vulneráveis, no momento. De fato, as tentações são
freqüentemente ligadas a sofrimento ou desejos físicos.
2. A tentação parece razoável. O errado
freqüentemente parece certo. Um homem "tem que comer". Muitas pessoas
sentem que necessidades pessoais as isentam da responsabilidade de obedecer às
leis de Deus.
3. Precisamos confiar em Deus. Jesus precisava
de alimento, sim. Porém, mais do que isso, precisava fazer a vontade do Pai. É
sempre certo fazer o certo e sempre errado fazer o errado. Deus proverá o que
ele achar melhor; meu dever é obedecer-lhe. É melhor morrer de fome do que
desagradar ao Senhor.
Segunda Tentação
- A afirmação do diabo:
"Então, o diabo o levou à Cidade Santa,
colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és filho de Deus, atira-te
abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te
guardem; e: Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma
pedra"
(4:5-6). Jesus tinha replicado à tentação anterior dizendo que confiava em cada
palavra do Senhor. Aqui Satanás está dizendo: "Bem, se confia tanto em
Deus, então experimenta-o. Verifica o sistema e vê se ele realmente cuidará de
ti." E ele confirmou a tentação com um trecho das Escrituras.
- As questões:
A questão é: Jesus confiará sem experimentar?
Desde que Deus prometeu preservá-lo do perigo, é certo criar um perigo, só para
ver se Deus realmente fará como disse?
- A resposta de Jesus:
"Também
está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus" (4:7). A confiança
verdadeira aceita a palavra de Deus e não necessita testá-la.
- Lições:
1.
O diabo cita a Escritura; ele põe como isca no seu anzol
os versículos da Bíblia. Pessoas freqüentemente aceitam qualquer ensinamento,
se está acompanhado por um bocado de versículos. Mas cuidado! O mesmo diabo que
pode disfarçar-se como um anjo celestial (2 Coríntios 11:13-15) pode,
certamente, deturpar as Escrituras para seus próprios propósitos. O diabo fez
três enganos: Primeiro, não tomou todas as Escrituras. Jesus replicou com:
"Também está escrito". A verdade é a soma de tudo o que Deus diz; por
isso precisamos estudar todos os ensinamentos das Escrituras a respeito de um
determinado assunto para conhecer verdadeiramente a vontade de Deus.
2.
Ele tomou a
passagem fora do contexto. O Salmo 91, no contexto, conforta o homem que confia
e depende do Senhor; ao homem que sente necessidade de testar o Senhor nada é
prometido aqui.
3.
Satanás usou uma passagem figurada literalmente. No
contexto, o ponto não era uma proteção física, mas uma espiritual.
.
Satanás é versátil. Jesus venceu em uma área, então o diabo se mudou para
outra. Temos que estar sempre em guarda (1 Pedro 5:8).
. A confiança
não experimenta, não continua pondo condições ao nosso serviço a Deus, e não
continua exigindo mais prova. Em vista da abundante evidência que Deus
apresentou, é perverso pedir a Deus para fazer algo mais para dar prova de si.
Terceira Tentação
- A afirmação do diabo:
"Levou-o
ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou- lhe todos os reinos do mundo e a
glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares" (4:8-9). Que
tentação! O diabo deslumbrava com a torturante possibilidade de reinar sobre
todos os reinos do mundo.
- As questões:
A questão aqui não era tanto a de Jesus
tornar-se um rei (Deus já lhe tinha prometido isso Salmo 2:7-9; Gênesis 49:10),
mas de como e quando. O Senhor prometeu o reinado ao Filho depois de seu
sofrimento (Hebreus 2:9). O diabo ofereceu um atalho: a coroa sem a cruz. Era
um compromisso. Ele poderia governar todos os reinos do mundo e entregá-los ao
Pai. Mas, no processo, o reino se tornaria impuro. Então as questões são: Como
Jesus se tornaria rei? Você pode usar um meio errado e, no fim, conseguir fazer
o bem?
- A resposta de Jesus:
"Retira-te
Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás
culto" (4:10).
Nada é bom se é errado, se viola as Escrituras.
- Lições:
1. Satanás paga o que for necessário. O diabo
ofereceu tudo para "comprar" Jesus. Se houver um preço pelo qual você
desobedecerá a Deus, pode esperar que o diabo virá pagá-lo. (Leia Mateus
16:26).
2.
O diabo oferece atalhos. Ele oferece o mais fácil, o mais decisivo caminho ao
poder e à vitória. Jesus recusou o atalho; Ele ganharia os reinos pelo modo que
o Pai tinha determinado. Hoje Satanás tenta as igrejas a usar atalhos para
ganhar poder e converter pessoas. O caminho de Deus é converter ensinando o
evangelho (Romanos 1:16). Exatamente como ele tentou Jesus para corromper sua
missão e ganhar poder através de meios carnais, assim ele tenta nestes dias.
3.
O diabo oferece compromissos por bons propósitos. Ele testa a profundeza de
nossa pureza. Ele nos tenta a usar erradamente as Escrituras para apoiar um bom
ponto ou dizer uma mentira de modo a atingir um bom resultado. Nunca é certo
fazer o que é errado.
Conclusão
Nesta
batalha entre os dois leões (1 Pedro 5:8; Apocalipse 5:5), Jesus ganhou uma
vitória decisiva. E ele fez isso do mesmo modo que nós temos que fazer:
Confiou em Deus (1 João 5:4; Efésios 6:16).
Usou as Escrituras (1 João 2:14; Colossenses
3:16).
Resistiu ao diabo (Tiago 4:7; 1 Pedro 5:9).
O ponto crucial é este: Jesus nunca fez o que
ele sabia que não era certo. Que Deus nos ajude a seguir seus passos (1 Pedro
2:21).
Por Gary Fisher
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