Não reconstrua o que Deus destruiu.
Israel andou com Deus, atravessando o deserto. Chegando à terra prometida, encontrou a muralha de Jericó. Aquele seria um teste importante para o novo líder Josué.
A muralha era tão larga que havia casas sobre ela, como a de Raabe, a meretriz. O que fazer diante de tão grande obstáculo? Os israelitas poderiam orar e ficar esperando que o muro caísse, mas não seria tão simples assim. A oração é importante, mas não é tudo. Deus poderia fazer todas as coisas sozinho, mas ele quer a nossa participação. A palavra de Deus nos conduz à ação, ainda que não seja exatamente o que gostaríamos de fazer. O Senhor mandou que o povo marchasse em volta da cidade durante sete dias e que os sacerdotes tocassem as trombetas (Js.6). Foi uma ordem muito estranha. Entretanto, mesmo sem entender, era importante obedecer.
Nos primeiros dias em que o povo rodeou a cidade, nada aconteceu. Quando o tempo passa e não vemos os resultados almejados, somos atacados pelo desânimo e pela dúvida. Nossa mente começa a imaginar coisas negativas. A cada dia ia tornando-se mais difícil levantar de madrugada para mais uma caminhada.
Nossas vidas podem se encontrar nesse estado algumas vezes. Levantamos de manhã todos os dias e, em muitos deles, não conseguimos atingir nossos objetivos. Porém, não vamos desistir. Precisamos perseverar até o fim, obedecendo ao Senhor, sabendo que ele está conosco.
Enquanto o tempo testava a fé de Israel, é provável que os inimigos, dentro da cidade, se sentissem melhor, e até zombassem do povo de Deus. "Lá vem aquele povo barulhento outra vez". Caminhavam, tocavam trombeta, e nada acontecia.
Em momentos assim, quando os resultados não aparecem, a liderança é questionada. É possível que alguns israelitas já estivessem duvidando da capacidade de Josué e da eficácia dos seus métodos. "Moisés é que era líder de verdade", poderiam dizer.
Precisamos crer, obedecer, esperar e calar.
A cada dia, o povo tinha um novo encontro com a muralha, e ela continuava lá, firme, inabalável. Naqueles dias, crescia no coração de cada israelita a convicção de que nada poderiam fazer por si mesmos. Sua dependência de Deus ficava evidente.
Aquela caminhada diária era o teste da fé, da obediência e da perseverança.
No sétimo dia, o povo rodeou a cidade sete vezes. Na última volta, as trombetas tocaram, o povo gritou, conforme Deus havia mandado, e as muralhas vieram ao chão. Os israelitas invadiram a cidade e a destruíram completamente, poupando apenas Raabe e os que com ela estavam.
Apresentemos ao Senhor as muralhas que estão diante de nós, interrompendo nossa jornada.
Ele haverá de nos ajudar a vencê-las, em nome de Jesus. Se temos andado com o Senhor e as muralhas ainda não caíram, não podemos desanimar. É tempo de prosseguir.
A vitória chegou e o líder Josué foi exaltado aos olhos do povo, não por seu próprio poder, mas ficou notório que ele, de fato, servia ao verdadeiro Deus (Js.6.27). Os líderes sempre precisam enfrentar grandes desafios, pois essas importantes vitórias comprovarão a autenticidade de suas vocações. Portanto, um grande problema pode ser uma grande oportunidade. Foi o que Golias representou na história de Davi.
O relato sobre a destruição de Jericó termina com uma maldição. Está escrito que maldito seria aquele que reconstruísse aquela cidade. Perderia o filho primogênito ao lançar seus fundamentos, e o mais novo quando colocasse suas portas (Js.6.26).
Lendo o Novo Testamento, encontramos relatos que citam Jericó. Portanto, lá estava ela novamente. Como pode ter ressurgido?
A história de Israel nos traz a explicação. No tempo do rei Acabe, surgiu um homem chamado Hiel, de Betel, que tomou a iniciativa de construir Jericó, atraindo sobre si a maldição profetizada. Construiu a cidade e perdeu dois filhos: Abirão e Segube (IRs.16.34).
Ele desconhecia a profecia ou quis desafiar o Senhor? Não sabemos. O certo é que não podemos ignorar a palavra de Deus que está na bíblia. Não podemos deixar de crer nela, nem menosprezar os males acerca dos quais ela nos adverte.
Com isso, aprendemos ainda uma importante lição: não devemos reconstruir aquilo que Deus destruiu. Se ele já nos libertou de um pecado, de um relacionamento ilícito, de um vício, não podemos voltar àquele lugar para reatar os laços da iniquidade. As consequências podem ser drásticas.
Hiel entrou para a história como o construtor de Jericó, mas perdeu seus filhos. De que adianta sermos conhecidos como edificadores de uma cidade, se perdermos nossos filhos? De que adiantam grandes realizações materiais, profissionais, culturais, políticas, ou até ministeriais, se fracassarmos na edificação do nosso lar? Se formos infiéis ao Senhor, traremos consequências ruins para a nossa descendência.
Sejamos como Josué e não como Hiel. Sejamos conquistadores do que Deus prometeu, mas não desejemos aquilo que ele proibiu.
Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia
www.anisiorenato.com
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