Se os pais pudessem, os filhos não sentiriam nem uma dor de dente, nenhuma tristeza, mágoa, sensação de desamparo ou desprezo. Sei que é fácil falar teoricamente quando não estamos vivenciando o drama. Mas devo dizer que o sofrimento humano é necessário. Estou convicto disso.
Não vivemos somente no pico da montanha. Temos nossos momentos de tristeza e dor, principalmente quando adentramos o interior de nossa alma. Nessa viagem, à qual muitos fogem, não raro nos defrontamos com fantasmas do passado, que admitíamos já extintos: pedaços dos trapos do velho homem, o homem antes da regeneração; resquícios de soberba, mágoas e rancores mal resolvidos.
É a vida. É conhecida aquela ilustração que diz existirem dois leões famintos dentro do homem. Um é de inclinação má; o outro, ao contrário, é de boa índole. A nossa sobrevivência como filho de Deus depende de nossa escolha. Qual leão receberá de nós mais alimento? O mau leão tira nosso ânimo, põe freios à nossa fé, convence-nos da derrota iminente. O outro reacende a chama de nossa fé, fortalece nossos músculos espirituais, mantém-nos altivos diante da provação.
Essa luta interior continuará por toda a vida. A vitória se traduz pela temperança, pela sobriedade, equilíbrio, "domínio próprio".
É conhecida a seguinte ilustração. Certo homem piedoso, vendo que uma borboleta, ainda em estado de crisálida, fazia tremendo esforço para sair do casulo e ganhar os ares, resolveu dar uma ajuda. Tirou os empecilhos, rebentou as amarras, alargou a abertura do cárcere larval e deixou a borboleta livre. E ficou aguardando para vê-la bater asas e ganhar a liberdade. Nada aconteceu. Depois soube que o esforço dela para desvencilhar-se do invólucro era necessário ao fortalecimento das asas.
A vida é um somatório de lutas. Há períodos de regozijo, saúde, paz e felicidade. É quando estamos no pico. Há dias de tristeza, angústia, dor e decepções. É quando estamos no vale. Aquele que muito sofreu e muito lutou dá valor à vida. Não é qualquer descompasso que lhe arrefece o ânimo. Está preparado para as grandes batalhas e desafios.
Lembremo-nos das palavras confortadoras do Senhor Jesus: “Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.32-33).
Autor: Pr Airton Evangelista da Costa
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